A SÉRIO, CANCRO/CÂNCER? Basta. 2018, aqui vou eu!

6 de Dezembro, 2017

 

Perdoem, por favor, o tamanho desta missiva. Há muito tempo que não escrevo neste blog. A razão principal de pegar novamente na caneta, depois de ter escrito mais de 580 blogs, é porque desde o meu diagnóstico de cancro/câncer em 2010, ataquei a vida com um gosto que não sabia que tinha.

O álbum Random Access Memories do(s) Daft Punk é o ponto de partida. Foi durante o período de recuperação pós-operatório em 2011 que os robots me foram visitar ao meu apartamento em Nova Iorque. Pouco tempo depois, gravámos juntos três canções que nos mudaram a vida: "Get Lucky," "Lose Yourself To Dance," e a pessoalmente profética "Give Life Back To Music."

A sessão teve lugar nos Estúdios Electric Lady, o que me fez caminhar pelas ruas da minha infância, no bairro de Greenwich Village. Este foi também o estúdio onde gravámos o primeiro êxito do(s) CHIC, "Dance, Dance, Dance". Estes eventos aleatórios tiveram um significado profundo e inspiraram-me a aumentar o volume da minha vida para o nível 11, tipo Spinal Tap. Ao extremo. A música foi a minha razão de viver e deu-me a minha vida de volta. Não espero que s pessoas entendam isso, mas é assim que me sinto.

Pouco depois dessa sessão com o(s) Daft Punk, o meu livro de memórias foi publicado. Entre a digressão de apresentação do livro e a reconstrução da tournée da minha banda, trabalhei ao máximo, uma loucura total, mas isso foi física e espiritualmente terapêutico. Em seis anos, não falhei um só concerto - até ao domingo, dia 13 de Agosto de 2017.

Durante a tournée com o supergrupo Earth, Wind & Fire, apanhei uma intoxicação alimentar debilitante, mas os médicos não me quiseram tratar com antibióticos antes de terem a certeza que se tratava de uma infecção bacteriana. Alguns dias depois, os testes revelaram que se tratava de E.coli. Trataram-me e só falhei aquele concerto em Toronto no domingo.

E é aqui que a história dá uma volta nada boa.

Embora 2016-2017 tenham sido anos emblemáticos para mim, por ter tocado para milhões de pessoas, atingido múltiplos recordes de público e uma lista de nºs 1 na tabela de música de dança da Billboard, incluindo um com a Kimberly Davis, que canta na minha banda CHIC...decididamente, esses anos generosos começaram num tom triste.

Um dos meus maiores artistas, David Bowie, morreu no início de 2016; alguns meses depois, morreu o Prince e o George Michael morreu no dia de Natal, 48 horas depois de ter estado a trabalhar com ele no seu filme e canção. O meu amigo e extraordinário músico, Chris Cornell, viria a morrer esta Primavera passada. O meu jovem primo-irmão morreu de repente de um ataque cardíaco. A minha mãe sofre da doença de Alzheimer e já está no estágio VI, e durante a minha breve visita ao hospital para tratar o E.coli, os médicos encontraram uma massa misteriosa no meu rim direito que parecia ser cancro/câncer.

Bem...era CANCRO/CÂNCER! Na realidade, eram dois cancros/cânceres dentro da mesma massa.

Ao contrário da reacção que tive ao meu primeiro diagnóstico do C-grande há sete anos, desta vez estava mais relaxado, analítico e calmo. Estava rodeado de profissionalismo e empatia que me transmitiram uma sensação surpreendente de paz interior. Depois de os médicos me dizerem "achamos que é cancro/câncer", dei muitos concertos e voei muito: dois países na América do Sul, Dubai, Japão, Irlanda, Liverpool, Londres, finalizando a última leva de concertos em Brooklyn, Nova Iorque.

Depois desse último concerto, voei directamente de Brooklyn para o Hospital Strong Memorial em Rochester, Nova Iorque. No dia seguinte, fui submetido à cirurgia onde me removeram a massa cancerígena - e o meu prognóstico é recuperação a 100%. (Podem começar a dançar, cantar e celebrar agora!)

Esta situação atrasou alguns grandes planos para este ano, mas o que acontecerá no próximo ano fica muito além dos meus mais loucos sonhos. Falarei disso no meu próximo blogue, a publicar muito brevemente.

Após estes últimos sete anos de vida maravilhosa, nunca pensei que o meu corpo seroa invadido por outro cancro/câncer. CANCRO/CÂNCER, já deu. 2018, aqui vou eu!

 


Disco de platina "Random Access Memories", Daft Punk


"Le Freak - An Upside Down Story of Family Disco and Destiny"


Nile w Earth, Wind & Fire


Tocámos para público em número recorde


Mais público em número recorde


Filmando em casa do George Michael, dois dias antes de ele morrer


Nile & Prince no Superdome em Nova Orleães


Até tocamos na última festa do Presidente Obama na Casa Branca


Nile Rodgers & Chris Cornell


Nile Rodgers & David Bowie


Estúdios Electric Lady - NYC


FOTO RARA: Nile Rodgers a gravar a sua parte em "Get Lucky"